Biografias

Prefácio



A Igreja Evangélica Assembleia de Deus existe para servir como instrumento para o avanço de Reino de Deus, através da pregação e do ensino do evangelho por todo o mundo. A sua bem definida comissão é preservar e propagar a santidade cristã conforme as Escrituras, recuperar os apostatados bem como a inteira santificação dos crentes. O outro objectivo é de ordem espiritual, a saber: Evangelizar como resposta á grande comissão do nosso Senhor Jesus Cristo: “Ide, fazei discípulos á todas as nações” (Mat. 28:19-20); veja também (João 20:21; Marcos 16:15). Crê-se que este alvo pode ser alcançado através dum governo e de práticas recebidas sob a aprovação dos seus membros, incluindo posições doutrinárias no que respeita a fé e padrões de moralidade, e estilo de vida testados pelo tempo e experiência. Este livro representa um sumário de biografia do seu líder e de crenças fundamentais da Igreja Evangélica Assembleia de Deus.
Um povo inteligente e informado que segue práticas e procedimentos com as quais está de pleno acordo, faz avançar o reino mais rapidamente, e realça o testemunho de Cristo. Portanto é dever dos seus membros familiarizarem-se com este livro, com a história da Igreja e das doutrinas e as práticas éticas do Evangelho ideal. A aceitação destas páginas nutrirá lealdade e fidelidade tanto a Deus como a Igreja e incrementará a eficiência e a afectividade dos nossos esforços espirituais. Tendo a bíblia como guia supremo, iluminados pelo Espírito Santo e com a doutrina como nossa afirmação conjunta de fé, fazemos votos que sejamos aprovados diante de Deus.
Laurentino Mulungo fundador de IEAD-Tlavane
Laurentino Tongonhane Mulungo, nasceu em Manhiça-Calanga, na localidade de Chipugue-Mahila, no dia 30 de Abril de 1920

Seu pai Francisco Mulungo era natural de Ilha de Moçambique-Nampula e sua mãe Fátima Boene natural do então Distrito de L. Marques, ambos camponeses, professavam a religião Maometana, viviam do campo e viviam com dificuldades
E um dia, por influência do professor Azevedo Chimene, Laurentino Mulungo frequentou a escola local e concluíu a 4ª classe em 1934.

A sua infância como a de muitas outras crianças era um dia vir a ser um grande comerciante ou professor. Mas os seus sonhos não foram concretizados pois Deus tinha reservado uma missão específica para ele.

Após a conclusão da 4ª classe, nível máximo permitindo ao indígena, nessa altura para se comunicar com os colonizadores e ler as cartas dos seus familiares, saíu para Lourenço Marques - actual cidade de Maputo, onde a maioria dos civilizados concorriam para encontrar um trabalho nos “quintais” ou padarias, lojas e farmas.
Mulungo começou a lançar-se muito cedo na pesca, o que lhe valeu a ter um espírito alegre e paciente. Mas predestinado por Deus de um simples pescador de peixe passou a ser pescador de homens, Lucas 5:10 em 1939.
Logo, abandonou o ofício de pescador e empregou-se nas padarias como um simples padeiro. Trabalhou primeiramente na Padaria do Alto-maé, e devido ao seu empenho ele era considerado "bom rapaz". Mais tarde foi convidado para trabalhar em outras padarias e acabou ficando na Padaria Lafões.

A Chamada do Mulungo

Nos fins do século XIX desenvolveu-se quase que simultâneamente, em várias partes dos Estados Unidos, um movimento pentecostal para a expansão e conservação da santidade bíblica sob forma de igrejas organizadas. Este movimento era semelhante ao movimento Wesleyano do século anterior. Este movimento era impulsionado pela Palavra de Deus que mostrava Jesus Cristo fez o Homem que fez provisão para salvar os homens dos seus pecados, mas também para os aperfeiçoar no amor. Nesse século a África estava na prioridade dos missionários das igrejas protestantes, e através de missionários vindos da África do Sul, Moçambique foi recebendo doutrinas protestantes. Na altura Moçambique como colónia portuguesa a sua religião oficial era o catolicismo. Foi assim que na década XXX muitos irmãos que vinham das minas da África do Sul, vinham com o espírito missionário e começaram a implantar muitas igrejas protestantes. Foi nesse longíquo ano de 1939 que Laurentino Mulungo recebe uma visita de missionários na Padaria Lafões e pela primeira ouve falar da Palavra de Deus vivo. Mais uma vez, semelhantemente ao que sucedeu na pesca, Deus lhe convida a deixar o ofício de padeiro para dar de comer o pão do céu aos Homens.

Em Junho de 1939, Laurentino Mulungo recebe uma mensagem evangélica estando ainda a trabalhar na Padaria Lafões, por meio de Senhor Elixa Bembane Tete, saudoso Pastor da Igreja Evangelica Assembleia de Deus Ramo das Mahotas, agora na glória.

Oposição Familiar

No mesmo ano de 1939, depois de receber a mensagem de salvação foi visitar os pais na Manhiça e fala-lhes de Jesus o Salvador. Infelizmente, os pais não receberam a mensagem nem o mensageiro. E como consequência disso, Laurentino é ameaçado de ser excomungado da sua família caso ele permanecesse íntegro na sua nova fé.

Foram dias muito difíceis para Laurentino Mulungo, que teve que se refugiar em casa de amigos com o medo dos pais. O que valeu foi a oração e jejeum e o posterior retorno a L. Marques para novamente se dedicar á sua chamada. Laurentino Mulungo contava seu sofrimento aos missionários e estes por sua vez aconselhavam-no a rmanter -se na sua nova fé. Contra a vontade dos familiares, Laurentino recebe o baptismo nas águas e do Espírito Santo. Depois do baptismo, trabalha ao lado dos missionários ajudando-lhes na tradução das pregações de português para a língua local.

Chamado ao Serviço de Deus

Depois do seu baptismo na Igreja Evangélica Assembleia de Deus em 1939, Laurentino, dedicou-se e entregou a sua vida á Deus. E assim, Deus usou-o, fundou muitas zonas missionárias de oração, destacando-se a zona de Tourada. É assim que Tourada torna-se uma zona histórica porque foi lá onde muitas vezes Mulungo foi interceptado pela polícia colonial, chicoteado e posto em prisão por seis meses, de Tourada nasceram muitas zonas tais como Tlavane, Khinsi, Missavane1, Bairro Popular etc. Muitos dos que o ouviam suas pregações se admiravam e se entregavam a Cristo. Ele próprio afirma em uma das suas declarações: - "Muitas vezes sem me preparar, vinham palavras e pensamentos que eu mesmo admirava e me surpreendia, e como resultado multidões se juntavam a mim”

Sobre o seu testemunho ele continua dizendo:

“Eu não podia passar horas sem testemunhar de Jesus Cristo e das maravilhas que Ele fez por mim, por isso Deus me dava menos uma alma por dia”

Casamento

Nos princípios de 1948, Laurentino conhece uma menina chamada Naice Muthonbene, na igreja de Maxaquene onde a sua irmã mais velha estivera hospitalizada.

Laurentino, que na altura era evangelista apaixonou-se pela Naice e em 11 de Novembro de 1948 casaram-se e desse casamento Deus abençoou o casal com 6 filhos:

- 1951 Gabriel Laurentino Mulungo - Pregador
- 1954 Rabeca Laurentino Mulungo – Pastora
- 1956 Elisabete Laurentino Mulungo – Missionaria
- 1960 João Laurentino Mulungo - Baptizado
- 1962 Gracinda Laurentino Mulungo – Evangelista
- 1965 Jeremias Laurentino Mulungo - Baptizado

Naice Muthombene esposa e mãe, soube educar os seus filhos ao termor de Deus e da sociedade. Ela esteve sempre presente nas campanhas evangelistas e nos momentos difíceis de seu esposo. Na altura da sua morte em 10 de Fevereiro de 2000 Naice Muthombene já tinha viajado todo território nacional para dirigir seminários das mulheres e organizado ligas femininas ao nível da Igreja Evangélica Assembleia de Deus.

Expansão Missionária

Depois do casamento de Laurentino Mulungo, Deus usou o casal para a expansão missionária no território nacional. No princípio usou metódos de evangelização muito populares. Ele preparava chá em grande quantidade e convidava pessoas para virem tomar. Muita gente afluía ao convite. Acto contínuo, o Vovô Mulungo pregava o evangelho e muitos aceitavam Cristo. Em outros lugares como em Mateque-Marracuene, ele fazia um show ao vivo utilizando o seu gramafone. Depois do show pregava o evaengelho e as pessoas entregavam-se a Cristo. Em 1955 implantou a Igreja Assembleia de Deus no Bairro do Aeroporto, hoje conhecido como Tlavane. Foi com a fundação desta igreja que o movimento do Vovô Mulungo passou a ser conhecido como IGREJA EVANGÉLICA ASSEMBLEIA DE DEUS DE TLAVANE, onde a partir desta outras tantas foram também criadas em todo o pais.
Antes de construir aquilo que serviria como igreja naquela zona, Vovô Mulungo realizava cultos na sua humilde residência servindo-se de sacos como vedação do local de cultos. Mais tarde os cultos seriam realizados debaixo de uma mangueira no mesmo local. Hoje a igreja do Aeroporto – Tlavane, é uma grande infraestrutura que alberga mais de 10 000 pessoas sentadas excluindo crianças.
Vovô Mulungo, foi ordenado ao ministério evangélico em 1956 como pastor.

Obra Coroada de Espinhos

O ministério do Vovô Mulungo converter pessoas para Jesus Cristo não foi tarefa fácil como nunca nenhum outro semelhante outrora foi. Muitos foram os obstáculos. O primeiro de todos foi o factor da raça (negra) que reduzia a sua liberdade e seu poder. O segundo tinha a ver com falta de transporte o que lhe obrigava a percorrer longas distâncias a pé. Associado a isso, sofreu muitas torturas, foi chicoteado, posto em prisões e ameaçado de morte, coagindo-lhe a renunciar a crença. Como não cedia acabou ficando seis meses na prisão.

Apesar de todos esses sofrimentos, fiel ao seu Mestre, organizou e fundou a Juventude e Activista Cristã, organizou seminários de senhoras e de esposas dos pastores que tinham lugar anualmente em Xinavane no mês de Agosto.
Vovô Mulungo foi Presidente das Assembleias de Deus em Moçambique. Durante a sua presidência, orientou seminários de pastores, actual Convençaõ dos Pastores, bem como Conferências Trimestrais designadas “KWATAS”.

Devido a sua fidelidade na obra do Senhor Jesus Cristo, mais uma vez foi preso no dia 04 de Setembro de 1975 e deportado para Nampula. Durante a sua prisão, a liderança da igreja ficou á cargo do Pastor Dino Amade e mais tarde substituído pelo falecido e saudoso Pastor  Henriques Hetissane Mugabe.

Obra de Deus na Prisão

Chegado a Nampula, zona norte do país e maioritariamente habitada por muçulmanos, começou a ensinar a Bíblia no Centro Prisional, onde muitos prisioneiros aceitaram Jesus pela primeira vez e foram por ele baptizados. Na periferia do Centro Prisional, muitas igrejas foram fundadas por ele e muitas pessoas ouviram a Palavra fora dos muros da prisão e aceitaram Jesus e muitos foram baptizados.

Durante os três longos anos no Centro de Reeducação em Nampula, viu-se transferido para o outro Centro Prisional denominado “Mussauise” desta vez na Província de Niassa. Como fez em Nampula naquele lugar fundou muitas congregações.

Após sua soltura em 1981, Laurentino Mulungo, volta a Maputo para dar contunuidade e vigor ao movimento cristão que sempre liderara. Nessa altura, é eleito para assumir as funções de Vice-Superitendente Nacional da Igreja e ao mesmo tempo Superitendente da Província de Maputo.

Durante esse tempo, Vovô Mulungo teve ao seu serviço muitos pastores consagrados ao grandioso ministério da Assembleia de Deus do Rovuma ao Maputo, dos quais os primeiros foram estes: Pastor Jaime Dimande líder de uma igreja na África do Sul, Pastor Manuel Malembe que mais tarde o viria substituir na liderança da igreja após a sua fatídica morte. De referir que durante as diversas viagens que ele efectuou dentro e fora do país ministrou muitas pessoas e grangeou muitos discípulos. Assim como partcipou em muitas conferências internacionais tais como: África do Sul, Suazilândia, Zimbabwe, Malawi, Portugal, Israel, Filipinas, etc. E suas intervenções eram consideradas como uma palavra de ordem.

Viagem Fatídica

Dia 10 de Maio de 2006 era um dia normal como todos os outros dias. o céu estava claro e a visibilidade boa que convidava a empreender uma linda viagem terrestre, quer seja marítima ou mesmo aérea. E Vovô Mulungo estava preparado a empreender mais uma viagem missionária e daquela vez á cidade de Chimoio onde era esperado por milhares de crentes da Igreja Assembleia de Deus. Ia acompanhado dos pastores: Luís Manuel Jerônimo, Sebastião Livombo e o irmão Moiane. Partiram de Maputo ás 06h00, numa viatura alugada de marca PAJERO. O carro estava aparentemente em boas condições para efectuar uma longa viagem com um motorista experiente e de longa data e em perfeita saúde. Antes da partida, os crentes reunidos em casa do Vovô Mulungo como sempre fazem antes de qualquer viagem, reuniram-se em oração e lhes desejaram boa viagem e um bom trabalho. Só que longe de imaginar que aquela seria a última viagem que o Pastor Vovô Mulungo empreenderia ainda em vida.

O anbiente no carro era sereno e tranquilo, a viagem estava se realizando com toda a comodidade possível, mas não sabendo como explicar, o carro começou a falhar antes de chegar a Manhiça. Chegados a Manhiça, decidiram voltar a Maputo para trocar de carro. Logo que se fez a troca do Pajero para um Toyota dupla cabine, reiniciaram a viagem quando eram precisamente 11h00. Os ânimos voltaram, a conversa animadora e o alvo era chegar no dia seguinte antes das 08h00. Já na madrugada do dia seguinte o carro despista-se da estrada na área de Muxungwé, a escassos metros onde coincidentemente por acidente morreu Berta Sengulane a esposa do bispo anglicano Dom Dinis Sengulane. Deste despistamento resultou a morte do Pastor Vovô Mulungo bem como do Pastor Sebastião Livombo. Difíl foi acreditar, mas os presentes confirmaram de imediato que o grande líder já tinha partido para a glória.

Nada mais restava senão transportar o corpo do malogrado pastor Vovô Mulungo para Maputo onde viria a ser realizada a cerimónia fúnebre no dia 15 de Maio de 2006.

Se Vovô Mulungo pudesse naquele momento, diria: “Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé. Desde agora, a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, justo juíz, me dará naquele dia; e não somente a mim , mas também, a todos os que amarem a Sua vinda”. IITm 4: 7-8.

O funeral do Pastor Vovô Mulungo foi muito concorrido ao ponto de a majestosa igreja tornar-se pequena demais para albergar as pessoas presentes na cerimónia. As razões que ditaram a grande afluência do público foram várias tais como: - Admiração dos feitos do homem que dormia um sono que não tinha volta, bem como a curiosidade e o testemunho vivo daqueles que acompanharam a sua vida e obra.

Numa das passagens, o pregador Elijah Mapsanganhe, eminente locutor “no Programa de Ensino da Bíblia á distância ” numa estação radiofónica da Suazilândia destacou as qualidades daquele que foi obreiro por excelência no trabalho de Deus.

Testemunhos

A seguir são apresentados alguns testemunhos que confirmam a obra e vida exemplar do Vovô Mulungo:
Armindo Mirione Ferro, pastor e administrador da Igreja Evangélica Assembleia de Deus de Tlavane, diz que Vovô Mulungo, era exemplo de um cristianismo vivo que inspirou muitos que o ouviam dentre pregadores, diáconos, evangelistas, pastores e todos quantos ouviam a sua voz e sua mensagem. Era demasiadamente contagiante.
Manuel Malembe, um dos primeiros pastores consagrados em 1978 e sucessor de Vovô Mulungo, pede a Deus que o espírito de Vovô Mulungo habite nele e trabalhe tal e qual Mulungo o fez quando vivo à exemplo de Moisés e Josué, de Elias e Eliseu.

M. Machado, enviou um artigo que foi publicado no Jornal Notícias do dia 25 de Maio de 2006, com o título “Vovô Mulungo – Quando o homem entra na glória” que a seguir transcrevo na íntegra:

Sr. Director!

Agradeço a gentileza de V. Exa. pela publicação desta missiva na página reservada aos leitores do jornal que dirige.
Sempre que um funeral é muito concorrido, deixa transparecer algo por se revelar. As pessoas não afluem á um serviço fúnebre sem motivação. Alguns vão por admiração dos feitos daquele, outros vão por curiosidade, outros sim, pelo compromisso com o malogrado.
No ambiente religioso isto tem servido de testemunho vivo daqueles que acompanham as obras e os feitos da pessoa. Noutras comunidades religiosas, a pessoa chega a ser parte da divindade e até lhe são atribuídas todas as honras celestiais. E isto é fenómeno verdadeiramente cristão da redenção, o qual permite provar o céu estando-se ainda na terra. Aliás, as palavras do pregador internacionalmente reconhecido, o homem da Rádio Transmundial, o Pr. Elijah Mapsanganhe, serviu para convevcer o povo de Deus sobre as suas qualidades daquele que foi um obreiro por excelência. Dizia Mapsanganhe que Deus suscita homens no desporto, na ciência, na tecnologia, nas artes e também na igreja. Assim, para Moçambique, Deus suscitou Mulungo para a igreja em Moçambique. São algumas qualidades de Mulungo o espírito de abnegação, entrega total ao serviço de Deus, luta pela justiça social, o amor ao próximo, etc. Elijah Mapsanganhe, um poliglota por excelência, disse a dado passo que “Mulungo fez a vontade de Deus” e houve um silêncio muito pesado. Tudo isto testemunha a humanidade de Mulungo que acho ter contaminado muitos. Não importa o grau acadêmico da pessoa, mas sim o chamamento (vocação) dizia no seu sermão emocional durante o velório.
Para o caso do acarinhado Vovô Mulungo, o assunto é bastante especial. O simples facto de ele ostentar o título de Vovô, mostra a confiança nele depositada pelos seus seguidores. Mas aquela enchente antes de mais testemunha um legado importante que Vovô Mulungo deixa não só aos seus seguidores, mas também a comunidade e a sociedade em geral. Vovô Mulungo chegou a ser considerado um “santo”, segundo os elogios feitos naquele momento de pesadelo e glória. O facto de suas mensagens enfatizarem que ele partiu para a glória, mostra o quão imortal foi e será para os seus seguidores.
Existem paralelos deste tipo de tratamento e consideração em vários seguimentos cristãos. Por exemplo, para uma das maiores igrejas do Congo, a igreja Kimbaguista do ex-Zaire, fundada pelo Sr. Simone Quimbagu, que foi condenado á morte pelo governo belga, devido a sua popularidade resultado do seu carisma, eram atribuídos vários milagres como sendo da sua autoria. Vovô Mulungo, curiosamente passou pela prisão devido ao seu carisma que em certos momentos despertava inquietação. Portanto na minha análise, Vovô Mulungo faz parte do painel de pessoas que deram algo do seu interior como contributo social. A nossa sociedade precisa economistas, políticos e sobretudo teólogos como Mulungo. Muitas das vezes, pessoas com o carisma do Mulungo não se conformam com o mundo, fazem sugestões de fé à sociedade, fazem juízo á vários fenómenos injustos, criticam e, sobretudo, lutam para transformar e santitificar. Muitas vezes essas figuras carismáticas são mal percebidas.
Para o caso do Vovô Mulungo, suas críticas duras contra a juventude perversa, chegando a impor forma de vestir atitudes e comportamentos sãos à sociedade foram por várias vezes objecto de contestação da parte dos jovens. Só que os mesmos jovens depois reconheciam a legitimidade das críticas do seu avô.
Temos ainda a nível da África Austral um outro paralelo a saber, um líder do nome Isiah Shembe, que seus seguidores acreditam que se encontra no portão do céu para poder selecionar os seus no desfrute da merecida glória. Para o caso deste, segundo seus seguidores, tem visitado sua congregação. Estou esse metódo comparativo para mostrar a dimensão teológica de uma morte de um carismático reconhecido. É, pois, a cominidade que dá o aval ao seu líder quanto ao seu estatuto divino.
Para todos oa efeitos, a glória se conquista ainda na terra, ou seja, o paraíso começa na terra. Ou por outras palavras é tudo aquilo que nós fazemos aqui na terra que nos possibilita a entrada no paraíso ou então a passagen para a glória. O que Vovô Mulungo fez foi apenas pôr em prática os seus valores espirituais, estes que contaminaram, chegando a influenciar aqueles que constituem o painel de seus seguidores. Espero que aquela morte tenha de facto servido para um testemunho dos cristãos.
Não sou da Igreja Evangélica Assembleia de Deus, mas temos que reconhecer aquilo que os outros fazem. Assim, creio que os membros da Assembleia de Deus saibam transformar esta morte na passagem á uma glória autêntica, construindo escolas e universidades, para que Mulungo viva eternamente na vida e obra realizadas na Igreja Assembleia de Deus. Fim da citação.